quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Dos Poetas Eternos......."O Tempo"

O Tempo Não Para


Disparo contra o sol
Sou forte, sou por acaso

Minha metralhadora cheia de mágoas
Eu sou um cara
Cansado de correr
Na direção contrária
Sem pódio de chegada ou beijo de namorada
Eu sou mais um cara


Mas se você achar

Que eu tô derrotado
Saiba que ainda estão rolando os dados
Porque o tempo, o tempo não para


Dias sim, dias não

Eu vou sobrevivendo sem um arranhão
Da caridade de quem me detesta


A tua piscina tá cheia de ratos

Tuas ideias não correspondem aos fatos
O tempo não para


Eu vejo o futuro repetir o passado

Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não para
Não para, não, não para


Eu não tenho data pra comemorar

Às vezes os meus dias são de par em par
Procurando agulha num palheiro


Nas noites de frio é melhor nem nascer

Nas de calor, se escolhe: é matar ou morrer
E assim nos tornamos brasileiros
Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro
Transformam o país inteiro num puteiro
Pois assim se ganha mais dinheiro


Eu vejo o futuro repetir o passado

Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não para
Não para, não, não para
Cazuza
Teatro Dos Vampiros
Sempre precisei de um pouco de atenção
Acho que não sei quem sou
Só sei do que não gosto.
E destes dias tão estranhos
Fica a poeira se escondendo pelos cantos
Esse é o nosso mundo:
O que é demais nunca é o bastante
E a primeira vez é sempre a última chance.
Ninguém vê onde chegamos:
Os assassinos estão livres, nós não estamos.
Vamos sair - mas não temos mais dinheiro
Os meus amigos todos estão procurando emprego
Voltamos a viver como há dez anos atrás
E a cada hora que passa
Envelhecemos dez semanas.
Vamos lá, tudo bem - eu só quero me divertir.
Esquecer, dessa noite ter um lugar legal pra ir...
Já entregamos o alvo e a artilharia
Comparamos nossas vidas
E esperamos que um dia
Nossas vidas possam se encontrar.
Quando me vi tendo de viver comigo apenas
E com o mundo
Você me veio como um sonho bom
E me assustei
Não sou perfeito
Eu não esqueço
A riqueza que nós temos
Ninguém consegue perceber
E de pensar nisso tudo, eu, homem feito
Tive medo e não consegui dormir
Comparamos nossas vidas
E mesmo assim, não tenho pena de ninguém.
Renato Russo


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