segunda-feira, 4 de abril de 2011

Sonetos de Vinícius de Morais - Obras-Primas




Soneto de Amor Total

Amo-te tanto, meu amor... Não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te tanto como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.

Amo-te afim, de um calmo amor prestante;
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade;
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente.
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente

E de amar-te assim, muito e amiúde;
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amor mais do que pude.


Soneto de fidelidade


“De tudo, ao meu amor serei atento

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais meu pensamento.


Quero vivê-lo em cada vão momento

E em louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou seu contentamento.


E assim, quando mais tarde me procure

Quem sabe a morte, angustia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama.

Eu possa me dizer do amor (que tive):

Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure”.




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